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O legado que recebi de meu pai

Como elaborar resoluções que serão cumpridas

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Antecipando-me à chegada do fim do ano, quando muitos elaborarão suas resoluções para 2017, reflito sobre nossos fracassos em relação às resoluções feitas anteriormente. É sabido que a maioria das pessoas não cumpre o que se determinou. O por quê e como evitar esses fiascos e o autoboicote são os assuntos abordados neste artigo.

 

Eu não estava presente, mas esta história, como muitas outras, chegou aos meus ouvidos como um fato inquestionável. Meu pai, acompanhado de minha mãe, certo dia foi ao médico para entender o que se passava em sua vista cansada e escurecida e ouviu deste o prognóstico de que ele estava com glaucoma. Entre outras coisas, o doutor fez a simples recomendação: que meu pai parasse de fumar, pois se continuasse levando a vida que levava, em breve minha mãe seria viúva.

Sei que meu pai começou a fumar aos 14 anos de idade e já adulto, pai de três filhos crescidos, costumava consumir três maços da marca Minister, considerado um cigarro forte.

Naquele dia, naquele consultório, tirou do bolso os seus últimos cigarros, deixando-os sobre a mesa do médico e a partir daí nunca mais fumou.

É claro que sofreu muito. Teve pesadelos, tremedeiras nas mãos, mas sua decisão estava tomada.

 

E assim eu aprendi com meu pai uma grande lição: nossas escolhas e determinação podem mudar nossa vida, podem nos permitir verdadeiramente viver a vida que queremos, no caso do meu pai, uma vida saudável.

Toda a nossa vida é resultado de nossas escolhas, sejam elas boas ou ruins. E as consequências dessas escolhas nos atingem quer queiramos ou não.

A decisão de meu pai não beneficiou somente a ele. Todos nós, da sua família, fomos premiados com ela.

Nossas decisões definem nossa vida

É costume, na cultura ocidental, ao final de cada ano, se fazer resoluções para o ano seguinte. Geralmente se deseja eliminar aquilo que incomoda.

  • Eu vou emagrecer.
  • Eu vou quitar minhas dívidas.
  • Vou fazer uma viagem ao exterior.
  • Vou começar meu curso de Inglês.
  • Vou começar um novo negócio.
  • Vou concluir minha faculdade.
  • Eu vou ser uma pessoa melhor.
  • Vou amar mais a minha família.

No entanto, entra ano e sai ano, a maioria dessas resoluções não sai do papel ou não é concluída. Em alguns casos, começamos bem entusiasmados e com determinação, mas cedo ou tarde arranjamos justificativas para não continuarmos, pois nossa força de vontade vacila. Infelizmente, é alto o índice de fracasso coletivo em relação às promessas de fim de ano.

Por que é tão difícil ser fiel às nossas resoluções?

Como é possível fazermos parte do pequeno número dos que realmente conseguem cumprir o que prometem?

E se, ao invés de fracassarmos mais uma vez, nós nos comprometêssemos diariamente com situações específicas e estratégias que garantissem o sucesso e conseguíssemos uma vitória definitiva? E se nós obtivéssemos benefícios imediatos, palpáveis e atraentes que elevassem nossa autoestima e nos animassem a continuar?

Se você deseja saber as respostas para essas perguntas, continue a ler este artigo.

Nossas Escolhas

O que é e como funcionam as Microrresoluções?

A proposta deste artigo é levar você a entender como pode elaborar resoluções que sempre serão cumpridas, e isto será ótimo, não é?

Nós vamos refletir sobre sua força de vontade e redirecionar suas resoluções, no desejo de substituir a falta de esperança por otimismo, fraqueza por confiança. Vamos mostrar como é vantajoso estabelecer microrresoluções administráveis, mensuráveis e que possam ser mantidas em vez de amplos objetivos pessoais que, no fundo, acabariam sendo abandonados de forma inconclusa.

Uma microrresolução é um compromisso poderoso e compacto que se assume quando há a intenção de mudar certo tipo de comportamento, e ele gera benefícios imediatos.

O que aqui será apresentado é fruto da minha própria experiência. Durante boa parte da minha vida eu, como a maioria, fiz resoluções que não se transformaram em realidade, e isto me fez sentir-me fracassado e frustrado por muito tempo. Eu até cheguei a pensar que nunca teria capacidade de realizar meus sonhos. Na verdade, já começava o "jogo" derrotado. E me incomodava muito ver que outras pessoas conseguiam até com facilidade alcançar seus objetivos, enquanto eu não (Ah... a maldita inveja!).

Baseado no exemplo do meu pai, determinado e decidido, eu insistia em querer ser como ele e esperava ser possível, mas a cada fiasco eu via minha autoestima cair vertiginosamente. Até o momento em que eu li o livro Pequenas Atitudes, Grandes Mudanças, de Caroline L. Arnold, Editora Sextante, e resolvi, como ela recomendava, assumir uma mudança comportamental, escolhendo fazer uma resolução direcionada. Foi um sucesso!

Segundo a autora, a vantagem das microrresoluções "é que elas se infiltram facilmente em nossas vidas tumultuadas, trabalhando sua mágica em silêncio enquanto continuamos a equilibrar nossos projetos como malabaristas e a cumprir nossas infindáveis obrigações. De fato, as microrresoluções possibilitam um autoaperfeiçoamento contínuo sem muito esforço".

Com o mundo na palma da mão

Fazer é mais importante que Ser

Parece meio contraditório fazer a afirmação do subtítulo acima, considerando que a cada dia descobrimos que o essencial está em Ser. Mas, veja bem, isso é dito para aqueles que acham que o importante é Ter. E sabe-se que só se tem verdadeiramente quando somos. Assim, a questão aqui não é o verbo Ter ou Ser, mas o Fazer.

Para entendermos melhor, quando um ator deseja interpretar um personagem, tecnicamente ele se concentra em "fazer" o que a figura do personagem faz para, então, "ser" o personagem. Ele desempenha cada ação em sua plenitude e a sequência dessas ações gera uma caracterização autêntica.

E aí está o segredo, quando tentamos realizar as grandes resoluções, estamos desejando Ser. Exemplo: EU QUERO EMAGRECER é igual a eu quero ser magro, ser uma pessoa saudável, com autoestima elevada por causa do corpo esbelto que tenho. Na maioria dos casos em que o indivíduo fracassa, ele tentou ser uma pessoa que ele não é.

No entanto, se este mesmo indivíduo determina-se a Fazer ações explícitas, uma por uma, até que esta prática se torne parte integrante do seu ser, ele certamente alcançará o seu objetivo.

Voltando ao exemplo: EU QUERO EMAGRECER deverá equivaler a "vou fazer compras de supermercado hoje como um magro faria. Comprarei somente alimentos que me permitam estar de bem comigo mesmo, promovendo em mim uma reeducação alimentar" ou "vou deixar de comer as guloseimas com as quais me encho entre as principais refeições do meu dia".

As microrresoluções se concentram em Fazer, e não em Ser. Ser diferente é o que vem depois, e não antes, da ação intencional.

Forca de Vontade

Agora vamos falar sobre Força de Vontade

A autora do livro supracitado considera que aquelas resoluções que fazemos na virada do ano "são estimuladas por poderosas fantasias de um eu futuro", ou seja, imaginamos a nós mesmos realizados, felizes, em forma, estabelecidos financeiramente, seguros etc. Somos estimulados por vários especialistas em comportamento humano a afixar em nossas paredes fotos daquilo que sonhamos e, realmente, esse procedimento é bem inspirador e tem sua importância em nossa transformação. Todavia, chegará o dia em que nossa força de vontade, mesmo motivada por aquelas fotos, entrará em colapso, derrotada pelo foco inadequado no Ser e nosso hábito de fracassar. Podemos até repreender nossa falta de autocontrole, mas - cedo ou tarde - nos deixaremos vencer pelos hábitos antigos e rotinas já enraizadas em nosso comportamento ainda não transformado.

"Cada um de nós é movido por um sistema de hábitos e preferências inconscientes, cultivados desde que nascemos e fortalecidos por meio da repetição. Esses comportamentos e atitudes formam um tipo de piloto automático que, silenciosa e eficientemente, gerencia a maioria das tarefas e decisões que enfrentamos todos os dias, conservando uma preciosa energia mental e a iniciativa para aplicar em novos aprendizados, solução de problemas e geração de ideias." - Caroline L. Arnold.

Aristóteles, um dos fundadores da filosofia ocidental, disse certa vez: "Somos o que repetidamente fazemos. A excelência, portanto, não é um efeito, mas um hábito.". Este filósofo grego formulou teorias sobre desejos, apetites, dor e prazer, reações e sentimentos.

"Considero mais valente aquele que vence seus desejos do que aquele que vence seus inimigos; pois a vitória mais difícil é a vitória sobre si mesmo.", continua Aristóteles em sua reflexão sobre hábitos que, podemos dizer, nos governam. Os hábitos como um piloto automático nos levam a resultados individuais bons ou ruins.

"Se está a nosso alcance fazer, também está o não fazer". As escolhas são nossas. A decisão também. Só conseguiremos manter o foco se conseguirmos incorporar em nós a nossa escolha, a partir da ação contínua e frequente, e para isso estas ações precisam ser conscientes e prazerosas, caso contrário nosso inconsciente irá adotar um modo de resistência.

Leia também o artigo: "E por falar em Força de Vontade".

Os pesquisadores Mark Muraven e Roy Baumeister, em 2000, fizeram importante estudo sobre a dinâmica da força de vontade e demonstraram que o autocontrole é um recurso psicológico limitado, que se dissipa com facilidade.

"Descobrimos que, após um ato de autocontrole, as operações subsequentes não relacionadas ao autocontrole sofrem (...). Depois de resistir a tentações, as pessoas apresentam um desempenho inferior em testes de vigilância e se mostram menos capazes de resistir a tentações subsequentes".

Concluímos então que não podemos contar com nossa força de vontade se queremos realmente mudar de hábito. As resoluções que tomamos demandam excessivamente do nosso autocontrole. Seria o equivalente a nadarmos intensamente contra a maré e, como diz o ditado, "morrermos na praia".

Sobre o que temos controle

Qual a solução para este problema de autocontrole?

A resposta está em não forçar o autocontrole mas em fortalecê-lo através das microrresoluções.

"A transformação que queremos é um processo, não um acontecimento". (...) E "a chave para uma transformação duradoura não está na velocidade ou na força, mas no cultivo dessa mudança". (...) "Quanto mais mudanças queremos fazer, maior é a nossa resistência mental e emocional, que começa a se desenvolver no subconsciente", enfatiza Caroline L. Arnold.

Para manter os hábitos adquiridos na infância é necessária pouca ou mesmo nenhuma energia mental. Um hábito é tão intrínseco quanto respirar. No entanto, quando não temos determinado hábito e queremos passar a tê-lo, é certo que exigirá de nós algum esforço. A princípio acharemos chata a obrigação de executar a tarefa, questionaremos o tempo que teremos que dispensar para executá-la, consideraremos o que estamos deixando de fazer para cumprir com nossa determinação. Mas, se focamos unicamente na microrresolução, descobriremos um jeito de concluir a tarefa porque, no fundo, ela nos trará benefícios. E perceber que estamos no caminho certo, nos animará a continuar perseverando.

Por muito tempo eu fui indisciplinado para comer. Não tinha horário, não tinha ânimo. Comia em todo tempo ou passava longas horas de barriga vazia. Consumia muita besteira (doces e frituras). Não me alimentava direito e isso afetava meu bem estar. Aos poucos fui ganhando peso e, com uma vida sedentária, isso foi como assinar uma declaração de morte.

Quando me mudei de cidade, resolvi adotar um novo estilo de vida e incluí a alimentação saudável e disciplinada em meus planos. Trabalhando em casa, combinei com minha esposa de sempre aproveitar os momentos de refeição para estarmos juntos. Assim, passamos a acordar no mesmo horário e fazer a primeira refeição do dia juntos. Ao meio-dia, almoçamos e assistimos o jornal televisivo, de forma a nos mantermos atualizados com as notícias. Às 18h, com as badaladas do sino da igreja próxima à nossa casa, fazemos nossa terceira refeição e antes de dormir, um leve lanche.

Agindo dessa forma, quando se aproxima a hora da refeição, minha barriga começa a roncar e não importa o que estou fazendo, eu interrompo para cumprir o prazeroso hábito adquirido. Meu objetivo com isso não é emagrecer, mas ter uma vida disciplinada e uma alimentação saudável. Sorte a minha que minha esposa cozinha muito bem (passei a comer com frequência muitos legumes e verduras e há tempos que não consumo frituras).

Decidimos também não ter mais empregada doméstica. Como nossos filhos já são adultos e independentes, moramos somente eu e minha esposa e nós mesmos cuidamos da arrumação e limpeza de casa. Partindo do princípio que uma casa limpa é a que menos se suja, zelamos por manter os vários ambientes de nossa residência em ordem e limpos. E temos tido sucesso nisso, o que nos dá uma enorme satisfação.

Eu continuo não curtindo lavar a louça, mas esta tarefa agora já não é tão mais um fardo para mim.

Este breve depoimento que compartilho com vocês relata os frutos de várias microressoluções. Meu foco foi fazer algo que me traria benefícios. Concentrado na ação e não no desejo de ser ou me tornar, eu obtive sucesso e adquiri novos hábitos.

Em breve, desejo aqui escrever mais sobre as microressoluções, mas por hora já acho suficiente esta introdução ao conceito que tem mudado muitas vidas positivamente, inclusive a minha.


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Um abraço e até a próxima!

Aldo Marques

Olá! Eu sou Aldo Marques. Escritor, palestrante, criador do Programa de Superação de Limites Vencer Agora® e autor da maioria dos artigos deste site. Sou Life Coach, especializado em desenvolvimento pessoal com ênfase em espiritualidade e Analista Comportamental habilitado para a ferramenta DISC Assessment pela Sociedade Latino Americana de Coaching - SLAC, com Professional Coach Certification pela International Association of Coaching Institute. Minha paixão é ajudar pessoas a serem melhores.

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